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Filme sobre escravidão impacta público em primeira exibição

Exibição teste do longa metragem "Flora" retrata as memórias da escravidão e levanta debate sobre responsabilidade social no Brasil

15/05/2025 às 11h57
Por: Redação Fonte: Agência Dino
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Foto Divulgação / Gabriel Ávila
Foto Divulgação / Gabriel Ávila
A exibição teste do longa-metragem Flora, dirigido por Beto Oliveira, no Festival Tela Preta, desencadeou questionamentos e reflexões profundas por parte do público durante sua estreia pública, realizada na noite de 12 de maio em Piracicaba (SP). O evento marcou o início da circulação de um filme que aborda temas históricos delicados, com foco na escravização de pessoas negras no Brasil e o apagamento de suas memórias.

A narrativa de Flora acompanha a trajetória de Flora Maria Blumer de Toledo, uma mulher negra que viveu sob o regime escravagista por 48 anos e, posteriormente, se tornou a primeira mulher negra a integrar uma igreja protestante no Brasil. A história revela como o sistema escravista moldou a vida da personagem, desde sua infância, deixando marcas profundas que a acompanhariam por toda a sua existência. A obra foi construída a partir de quatro anos de pesquisa, que focou na vida de Flora e no contexto histórico da escravização de pessoas negras no interior de São Paulo.

O filme também aborda questões fundamentais como o apagamento sistemático da memória negra no Brasil e as múltiplas camadas de violência enfrentadas pelas mulheres negras ao longo da história. Durante a exibição, os espectadores foram alertados sobre o teor intenso do conteúdo, que inclui cenas de abuso físico, psicológico e social. Para garantir o suporte adequado, uma psicóloga especializada foi convidada a acompanhar a sessão e oferecer acolhimento caso algum espectador se sentisse desconfortável.

De acordo com relatos de espectadores, a sessão foi marcada por uma forte carga emocional. Vários saíram da sala em silêncio, visivelmente comovidos, ou com dificuldades em expressar seus sentimentos. Um dos depoimentos que ecoaram após a sessão foi o de Catharina Martins, espectadora presente, que afirmou: “É impossível assistir ao filme e não ser atravessada. A história de Flora é a história de milhares de mulheres negras hoje. Ela mostra como a estrutura do racismo se renova e continua operando”.

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O diretor Beto Oliveira, conhecido por seu trabalho com narrativas de resistência negra, destacou a importância do impacto do filme na sociedade. "Construir as memórias apagadas de uma personagem histórica tão importante é refletir sobre o porquê o racismo estrutural ainda persiste no Brasil. Sei que muitas pessoas vão evitar o filme pelos tristes relatos de violência, mas todas as cenas do filme não contemplam nem 5% de toda violência que pudemos constatar nos quatro anos de pesquisa para o filme", afirmou o diretor.

Em entrevista, Oliveira também ressaltou a intenção política do projeto: “De todas as violências expressas no filme, a maior delas é o sistema que se criou para apagar a memória do povo negro no Brasil, e a responsabilidade por todos os atos cometidos”.

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A repercussão da exibição colocou Flora no centro de discussões importantes sobre o racismo estrutural, a representatividade no cinema e o papel da produção audiovisual na reconstrução de memórias apagadas de grandes personagens históricos negros brasileiros. O filme conta com um elenco liderado por Larissa Oliveira, Eva Prudêncio, Mel Lisboa, Mayara Constantino, Marina Rigueira, Jeniffer Sousa, João Vitti e Bruno Goya. Juntos, eles interpretam personagens que se movem no cenário da escravidão do século XIX, no interior de São Paulo, explorando a normalização da violência e a realidade brutal da época.

Com estreia prevista para novembro de 2025, Flora promete continuar a provocar reflexões sobre o legado da escravidão e a luta por reconhecimento e justiça para as figuras negras silenciadas pela história.

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